terça-feira, 20 de março de 2012

Menina.

A menina está sentada sozinha no banco da praça. A menina que ouve canções de bossa nova. A menina que vive num mundo paralelo. A menina que se veste bem e faz teatro. A menina felizmente desencontrada. Aquela do tênis antigo, da beleza misteriosa, do sorriso escondido. A filha querida do papai, a menina da vovó. É a mesma menina que se apaixonou.

E agora ela ouve suas canções, que ganharam novos sentidos. Agora ela entendia tudo e lia perfeitamente nas entrelinhas. Agora ela entendia a luz das estrelas, gostava do arder do sol e admirava o tamanho da lua. Sentia-se igualmente cheia e em algumas situações, minguando também. Descobriu-se solidária com a dor do mundo. O amor lhe fazia bem.

Uma corrente de sentimentos a invadia dia após dia. Como se seu corpo tivesse virado moradia para um arco-íris. Cada cor com sua dor, cada qual com sua essência. Sua cabeça pesou, seu coração apesar de bondoso, chorou. Apaixonar-se não foi fácil, nem mesmo pra menina dos cabelos cacheados.

A menina chora no travesseiro baixo pra ninguém ouvir. A menina que evita cruzar com certos olhares. A menina que se sente sozinha nas noites do fim de semana. A menina que não quer mais romantismo nem mesmo nas suas músicas, mas que ouve apenas pra torturar seu pobre coração. A menina que não quer multidão, pois se acostumou com a solidão. É a mesma menina que se desencontrou.

E a culpa não era dela. A menina estava completamente apaixonada. A culpa era dele, por se apaixonar tão somente, infelizmente, pela ideia de estar apaixonado.

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