sábado, 21 de agosto de 2010

De Clarice.


"Sentou-se diante de um papel vazio e escreveu: comer - olhar as frutas da feira - ver gente - ter amor - ter ódio - ter o que não se sabe e sentir um sofrimento intolerável - esperar o amado com impaciência - mar - entrar no mar - comprar um maiô novo - fazer café - olhar os objetos - ouvir música - mãos dadas - irritação - ter razão - não ter razão e sucumbir ao outro que reivindica - ser perdoada da vaidade de viver - ser mulher -dignificar-se - rir do absurdo de minha condição - não ter escolha - ter escolha - adormecer - mas de amor de corpo não falarei. Depois dessa lista ela continuava a não saber quem ela era, mas sabia o número indefinido de coisas que podia fazer. "

- Clarice Lispector.

Na falta de tempo e consequentemente de criatividade. Nada melhor que as palavras da minha poetisa preferida. *-*

domingo, 8 de agosto de 2010

Daddy?


Era uma vez ela. Que sabia do seu nome, mas sabia que nele só havia o sobrenome da mãe. Ela tinha em mente os nomes e os rostos de toda a sua família, e sabia que ali, só havia gente da família da mãe. Ela sabia, mesmo sendo uma menininha, que não tinha ninguém pra entregar a lembrancinha que ela fazia na escola pro, tão normal, pra ela, dia dos pais. Ela não tinha um pai, mas ela era feliz. Ela não se lembra como descobriu e aceitou isso, mas imagina que não foi dramático, pois não se esquece o que é doloroso demais, mas ela sabe que nem mesmo na infância isso não foi um problema. Ela nunca achou estranho, achava até legal, não ter um pai pra pedir permissão pra sair, assim como suas amigas. Ela era uma menina boazinha. Na verdade, ela sabia, e ainda sabe que Deus a fez bem centrada. Deus a deu uma personalidade única pra não se queixar de nada disso. Ela não tem complexos, ela não é rebelde, ela não põe a culpa de nada nisso. Muito pelo contrário... Ela foi o orgulho da vovó, ela terminou os estudos mais nova que o normal, ela está na faculdade e já pensa na próxima que vai cursar... E hoje, ela agradece. Não só a vó, a mãe e a Deus. Ela talvez agradeça a ele, que nunca viu seu rosto de felicidade ou de tristeza, que nunca lhe ensinou uma lição sequer, que nunca lhe deu um beijo ou um esporro, ele, que se esbarrar com ela na rua, não saberá que está se esbarrando com a própria filha, enfim... Ela talvez o agradeça por ter dado a oportunidade de ter nascido, sem a participação dele seria impossível. Ela o agradeça por ter dado traços tão delicados a aparência dela e por ter feito dela, mesmo sem saber, uma menina com os pés no chão. Sim, essa sou, e que nesse oito de agosto, ele possa estar em um lugar bom e confortável, talvez com uns irmãos que eu nem sei se existem, que eles possam ser amáveis com ele, que eles se dêem bem. Ele nunca esteve presente, não vou negar que às vezes nem mesmo no meu coração e no meu pensamento, mas é inegável o fato dele ser meu pai. Não me resta mais nada que lhe desejar um bom dia. Feliz dia dos pais, eu não te amo, porém nunca lhe quis mal.

Thainara Oliveira.

domingo, 1 de agosto de 2010

Passa-se o tempo, mas não passa o amor.


Texto escrito por mim, em 15/05/2008

Há fatos que eu não tenho como evitar. Algumas coisas eu me arrependo de ter falado, há coisas que eu me arrependo de não ter feito. Imagina a minha cabeça como está. Tô aérea, confusa... E eu nem sei porque direito. Desejo apagar vestígios de dor, e ter por você só amor. Longe de mim solidão. Brigas então... Juro que eu queria descrever tudo o que eu estou sentindo agora. Eu queria te guardar pra mim, mesmo sabendo que eu não tenho esse direito. Queria poder cobrar juros de carinhos não recebidos e dias mal passados. Queria recitar um verso bem baixinho, que conseguisse expressar o meu amor por você. Cochichar o quanto eu te amo. Rir do dia, se alegrar com a noite. Queria poder cantar uma música que te fizesse feliz, mesmo eu nem sabendo a letra. Mas eu tentaria, por você. Desenhar um coração vazio e nele escrever os nossos nomes, pra sempre. Ler seus pensamentos, decifrar seus códigos, desfazer o inevitável, fazer com que você nunca me esquecesse. Seria possível, pra isso eu iria até o reino encantado e buscaria uma poção do amor inabalável. Queria que a cada sorriso dado verdadeiramente a gente se amasse mais ainda. Queria enfeitar as avenidas só pra passearmos de mãos dadas. Queria que tudo o que nós fizéssemos dasse um ao outro um infinito prazer. Assim, se Deus nos premitir, juntos iríamos permanecer. Pra sempre. Eu te amo.

Thainara Oliveira. ;*