domingo, 5 de junho de 2011

Gelo.


Eu sou fria, muito fria. Tão fria, que chego a esquentar. Queimar como gelo na pele.
E apesar do conceito de frio ser antiquadamente definido como algo ruim, saiba que assim como o gelo, eu derreto. Basta apenas você saber chegar a mim da maneira certa. Basta ser quente.
Derretendo eu escorro. Eu vaso por entre seus dedos e me esvaio. Talvez você não consiga me ter inteira nunca mais. Tenha cuidado. Mas talvez, eu forme uma poça sob seus pés, lhe molhando, lhe incomodando, lhe mostrando que eu ainda existo, que eu ainda estou ali. E mesmo que pés molhados sejam desconfortáveis, peço desculpas e quero que saiba que a todo tempo, eu só quis ser agradável.
Eu sou o inverno mais frio, com alma de verão, enfeitado de flores de primavera, passeando pelo outono mais ameno.
Eu sou fria. Eu queimo. Eu derreto. Eu molho e incomodo, como o gelo. Mas saiba que eu só quis – a todo tempo – te refrescar.
Te congelar pra mim.


3 comentários:

  1. Gostei mto desse texto!
    Perfeito!
    Parabéns!
    :)

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  2. Lindo!
    Apesar de que eu prefiro ser fogo, muitas vezes a vida me transforma em gelo.
    =*

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  3. Eu me sinto assim, as vezes me sinto tão fria que pareço não sentir.
    Não tem outra definição para este texto a não ser divino.

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