domingo, 8 de agosto de 2010

Daddy?


Era uma vez ela. Que sabia do seu nome, mas sabia que nele só havia o sobrenome da mãe. Ela tinha em mente os nomes e os rostos de toda a sua família, e sabia que ali, só havia gente da família da mãe. Ela sabia, mesmo sendo uma menininha, que não tinha ninguém pra entregar a lembrancinha que ela fazia na escola pro, tão normal, pra ela, dia dos pais. Ela não tinha um pai, mas ela era feliz. Ela não se lembra como descobriu e aceitou isso, mas imagina que não foi dramático, pois não se esquece o que é doloroso demais, mas ela sabe que nem mesmo na infância isso não foi um problema. Ela nunca achou estranho, achava até legal, não ter um pai pra pedir permissão pra sair, assim como suas amigas. Ela era uma menina boazinha. Na verdade, ela sabia, e ainda sabe que Deus a fez bem centrada. Deus a deu uma personalidade única pra não se queixar de nada disso. Ela não tem complexos, ela não é rebelde, ela não põe a culpa de nada nisso. Muito pelo contrário... Ela foi o orgulho da vovó, ela terminou os estudos mais nova que o normal, ela está na faculdade e já pensa na próxima que vai cursar... E hoje, ela agradece. Não só a vó, a mãe e a Deus. Ela talvez agradeça a ele, que nunca viu seu rosto de felicidade ou de tristeza, que nunca lhe ensinou uma lição sequer, que nunca lhe deu um beijo ou um esporro, ele, que se esbarrar com ela na rua, não saberá que está se esbarrando com a própria filha, enfim... Ela talvez o agradeça por ter dado a oportunidade de ter nascido, sem a participação dele seria impossível. Ela o agradeça por ter dado traços tão delicados a aparência dela e por ter feito dela, mesmo sem saber, uma menina com os pés no chão. Sim, essa sou, e que nesse oito de agosto, ele possa estar em um lugar bom e confortável, talvez com uns irmãos que eu nem sei se existem, que eles possam ser amáveis com ele, que eles se dêem bem. Ele nunca esteve presente, não vou negar que às vezes nem mesmo no meu coração e no meu pensamento, mas é inegável o fato dele ser meu pai. Não me resta mais nada que lhe desejar um bom dia. Feliz dia dos pais, eu não te amo, porém nunca lhe quis mal.

Thainara Oliveira.

2 comentários:

  1. Nossa...
    meu pai e seu pai.
    nossos textos não é que se completam? haha'
    lindo, muito lindo tha *-*

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  2. Para mim, esse fica em primeiro lugar de melhores textos daqui, é de uma sinceridade incontável. Parabéns Thai!

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