domingo, 12 de fevereiro de 2012


Sentou de frente pro mar, pensou ser capaz de aliviar os pensamentos ao observar as ondas que quebravam. Era de uma beleza singular, pensou ela, enquanto o mormaço a fazia corar.
Seu peito estava apertado, como se alguém muito forte segurasse seu coração sem o menor propósito de soltá-lo. Sua boca seca, mas não pelo calor que ali fazia, mas por qualquer outra coisa. A boca seca, assemelhava-se aos olhos. Secos. Sem mais lágrimas. No fim, isso era bom pros olhos, mas não pra boca. Era como se até um grito interno de socorro precisasse de saliva, mas então, deu-se a sensação de que só ele lhe dava água na boca, e ele se foi. Tinha ido pra longe, como uma onda em recuo.
Quis se enterrar na areia e definhar ao calor, pensou em entrar no mar e se afogar ou pelo menor beber um pouco de água salgada, e passar mal de vez. Afinal, qualquer dor física era melhor que aquilo. Uma dor maçante, sem nome, sem lugar definido, sem fim.
A pequena moça não esperava ter que sobreviver a uma perda, nunca havia passado por uma coisa parecida, sequer havia pensado que era possível algo doer do jeito que estava doendo e o desconhecimento de tal dor, era de certo modo fatal. Ela nunca sabia o que estava por vir. O tempo, conhecido por curar, só fazia a dor aumentar a cada dia, só fazia o vazio ficar mais escuro, o aperto mais denso. O tempo tornou-se vilão.
De certo um dia ela iria se lembrar daquele dia de solidão na praia e rir. Ia se achar patética ao se lembrar das teorias para acabar com sua vida. Teorias tão bobas e infantis. Ela iria contar isso a sua filha quando perdesse um namorado na adolescência, ia servir de exemplo pras amigas ao sobreviver àquela dor que um dia julgou permanente. Mas ali, naquele momento, era impossível pensar em levantar-se, quanto mais em sobreviver. Pois drama é a coisa mais normal do mundo, e é compreensível. Tristeza é natural quando alguém que fazia sua alma sorrir, mergulha em uma onda e nunca mais volta. Levando o seu sorriso, afogando seu coração em dor.
A pequena não tinha culpa, em sofrer tanto de amor.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012


Boa tarde meu amor. Prefiro achar que é tarde, quando estiveres lendo essa carta. Melhor ainda... Que seja fim de tarde. Que o sol esteja se pondo, ou que a chuva de verão esteja caindo bravamente. Que tenha raios e trovões se houver mesmo chuva. Sei o quanto aprecia esse cenário, sei o quanto fica melancólica e de prontidão imagino sua cabeça recostada em meu peito, enquanto olhavas pela janela aberta, naqueles fins de tarde de janeiro. E por assim pensar, me pego fraquejando, tremendo a mão que antes estava firme e decidida. Você vai notar que minha caligrafia mudou, quando atenuei meu pensamento nas nossas tardes. Eu não pude evitar. Meu bem, por mais incrível que possa parecer, de cada elemento seu que tenho guardado comigo, o que sinto mais falta não é a intensidade do seu beijo, nem o carinho guardado em seu abraço e nem mesmo o reconforto que o seu perfume me trazia. Ressalvo que sinto falta de você inteira, em qualquer circunstância, todavia, sei que posso ter qualquer um desses elementos de volta. Já a simplicidade do seu sorriso, minha bela, é algo, infelizmente, perdido no tempo.
Eu não esperava que uma maravilha do meu mundo fosse capaz de se esvair. Os seus sorrisos nunca mais foram sinceros ao me ver passar, sempre me pergunto como isso pode ter acontecido. Eu e você sabemos, que essa resposta também se perdeu no tempo, assim como outros detalhes de nós dois. Me perdoa se me perdi completamente na introdução, eu só quis escrever pra dizer que hoje eu avistei uma linda rosa e de imediato me lembrei de você. E aproveito pra pedir perdão por qualquer outra coisa não dita em qualquer momento. Sei que você odeia esse meu jeito abrangente, é que eu só sou detalhista quando se trata de uma só pessoa, e essa pessoa é você.
É fim de tarde agora meu amor, está chovendo, e minhas lágrimas cismaram em querer “chover” por cima das minhas palavras que estão desajeitadas por conta da minha emoção. Você ama tempestades meu bem, porque você é igualmente tempestade. Por outro motivo, por que estaria eu tão devastado depois que você passou?
E ainda assim, eu só consigo te amar. Que sua vida seja um eterno fim de tarde, com amor... De um coração que sempre será terra pra te esperar chover.
Thainara C.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Clichê.


Querido não se assuste se te quero tão bem como faço, não consigo nem mesmo me culpar. É tão involuntário e forte e ao mesmo tempo tão injusto comigo, tão irritante contigo, tão vergonhoso pra nós dois.
Tem dias que coloco a minha máscara de uma face de quem não liga, tem dias que visto minha capa de invisibilidade e sumo. Mas mesmo invisível pra você, eu te observo a todo tempo. E como não observar? Tem dias que passo sem nenhum sinal, e quase não respiro, me sufoco, me afundo junto com o botão de atualizar. E é tão infantil, eu sei. É tão bobo e clichê. Mas eu não consigo parar. Alguém me faz parar? Como se pára? Devo parar? Não sei se quero parar. Não vou parar.
Porque é isso que me faz sorrir, é como se eu estivesse todo dia em plena primavera. E eu já te disse o quanto gosto de flores?
Eu estou fazendo aquilo não é? Sim eu sei que estou. Estou sendo completamente irritante e melosa. Doce de enjoar, de até amargar. De te irritar, de me envergonhar.
Portanto me despeço com essa desculpa, te dou um tempo para que bebas água. Mas eu vou voltar, eu sempre volto. Ás vezes me canso, mas volto. Sabe o que é amor, é que no fundo eu queria ouvir: Você é tem tudo que eu sempre evitei, sem mais. Porém é tudo que eu mais quero agora demais.
Não ouço, mas imagino, e dramatizo e choro. E me estendo como estou fazendo agora. Eu vou indo, com esperança e te pondo medo sentindo ela. Mas eu não desapareço, apenas vou e volto. Me espera? Te espero. Te quero demais. Perdão.


sexta-feira, 8 de julho de 2011

They.

Era uma vez uma moça, de olhos escuros que carregavam um brilho especial. Talvez fosse um choro preso pronto pra sair, talvez fosse uma magia diferente. Ela não sabia e nem imaginava que tinha um brilho assim. Pobre moça.
Sua vida não se comparava a nenhum folhetim das seis, não era engraçada como um das sete, nem cheia de conflitos ou romances como um das oito. Ou seria nove? Ainda assim não havia comparação.
Andava a todo tempo olhando pra frente, sempre muito correta. Era de se admirar que nunca abaixasse a cabeça e olhava pro chão, mas era de se lamentar nunca levantar a cabeça pra dar uma boa noite às estrelas.
Era simples. Nunca exagerada, superficial ou bagunceira. Alguns não entendiam e a julgava uma chata, sonsa. Mas esses não tinham a sensibilidade pra perceber o quanto ela era diferente. Ela até sofria com isso. Derramava uma lágrima aqui, outra ali no travesseiro. Mas nada que um novo dia não resolvesse. Ela era de um coração sem igual, jamais visto, porém infelizmente, jamais compreendido.

Era uma vez um moço, de olhos claros. Perdido no meio de uma multidão. Procurando por toda a vida um brilho diferente, que não sabia onde estava, pois havia cansado de procurar nas estrelas.
A vida dele era como uma história em quadrinhos. Vestia-se de super herói todo dia e ia salvar a sua própria vida. A mercê de uma sociedade tão comparável aos vilões dos próprios quadrinhos.
Não olhava muito pra frente, muito menos pro chão. Por isso tropeçava demais apenas por querer viver olhando pras estrelas, procurando tal brilho.
Era de um exagero totalmente apreciável. Era romântico demais e livre demais. Alguns o julgavam louco, ele se julgava quase feliz. Ele não sofria por nada, mas chorava por tudo. Era um completo bobo apaixonado pela vida, doido pra se apaixonar por outro alguém.

E então um dia, eles se encontraram. Ela, sempre certa, olhava pra frente. Enquanto ele olhava pra cima. Ela o parou antes que pudessem se trombar como cena de novela, mas ele a salvou de cair no chão como um super herói. A vida dela nunca tinha saído da rotina daquela forma, enquanto ele se encontrava e se perdia no brilho dos olhos dela. Ela quase soltou seu choro, ele quase se afogou em lágrimas.
Naquele dia o tempo parou por uns segundos. O mundo parou pra ver o amor acontecer. Era inverno, mas se sentiram em plena primavera, pois seus corações estavam em flores.
E desde então, a vida deles se misturaram, como cores em uma aquarela.
Nada mais foi como antes e isso realmente é muito clichê. Afinal, como é que a vida pode ser igual quando se tem o amor no meio? Dizem que quando se encontra o amor, se perde a razão. Mas estão enganados... Perde-se muito mais. Mas ninguém parou pra contar o quanto se ganha. Mas isso é papo pra outra história.