quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sem mais.


Uma noite quente é o que eu tenho, nada mais. A inspiração já me fugiu, sua risada está longe, meus amigos viajaram, um abraço fraternal não me quer e eu mesma ando me odiando...
Por que tudo anda tão desfocado? Talvez eu esteja fora de mim. Talvez não, eu realmente estou.
Eu não choro mais por nada, mas ainda dói. Essa dor que me parece incurável uma hora dessa, e na madrugada eu finjo estar bem e danço sozinha, e a dor não passa. Vou para a varanda e inspiro o ar quente, porém leve. Tem me feito bem, pelo menos ainda tenho o ar. Sem contar que as estrelas tem sido boa companhia em noites sem chuva e hoje está chovendo. O que aperta é que eu, que sempre me comparava a elas, ando tão sem brilho.
Queria minha antiga vida de volta, meus antigos hábitos, minha risada alta que é tão minha. Agora, a melancolia me tomou pra ela. Isso é realmente péssimo e já me vejo no fundo do poço.
Porém é do ser humano toda essa esperança que se esconde em alguma parte não localizada em cada coração. E é me agarrando no último fio dela que me resta, que espero ouvir sua risada, meus amigos retornarem, o tal abraço fraternal, para enfim, ter minha inspiração de volta.



* A todos que me dão selos, muito obrigada, me sinto honrada, de verdade. E eu não estou ignorando-os, estou apenas me organizando, para em breve postá-los e fazer minhas indicações. Obrigada mais uma vez. ;*

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

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Particularmente, não fico muito feliz em ver as máscaras caindo. Pois quanto mais elas caem, mais meu coração se parte.

- "Não confundir bobos com burros." Já dizia Clarice Lispector. Eu deveria saber.


sábado, 1 de janeiro de 2011

Bad start.


Primeiro post do ano e já é um desabafo mal iniciado. Irônico? Não. Idiota.
Não sei o que sinto na realidade, mas preciso escrever, preciso me esvaziar, preciso me salvar desses sentimentos sem nome que povoam cada parte mal definida do meu corpo.
Respiro, mas com dificuldade. Eu não deveria precisar de outra pessoa pra fazer isso, uma vez que respirar é involuntário, mas preciso. Necessito.
E no fundo, sei que é isso que me aflige. Não consigo mais não pensar e ao fazer isso me lembro o quão ignorada sou, dói. Por enquanto é suportável, mas até quando? Não sei se quero respostas. Afinal, elas serviriam apenas para trazer mais perguntas.
Me sinto mal. Não era para eu me sentir renovada? Por que esses tormentos atravessaram o ano junto comigo? Por que não morreram junto com o ano que se foi?
Isso não é justo, justamente por fazer parte da vida.
Não sinto mais a magia, não me encantei com os fogos de artifício, abracei verdadeiramente, mas não sei se foi recíproco, não encontrei quem eu queria...
Otimista que sou, sei que isso não se arrastará pelo o ano adentro. – A felicidade está escondida dentro de mim, pronta pra sair.
Pessimista que sou, enxergo isso como um sinal. – Amores não correspondidos são minha especialidade. Me conheço.
O que me resta é esperar, deixar a vida seguir, deixar o tempo passar... Mas quem disse que eu consigo? Desconheço.
Por hora é só, sem discursos bem planejados ou contos confabulados. Apenas um desabafo, uma pequena porcentagem do tudo e do nada que sinto e que sei. Do tudo e do nada que me tornei e da incerteza que está por vir.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Catrina.

Acordou no dia trinta e um de dezembro com um propósito mal acertado. Queria poder parar de errar no ano novo. Olhou para os lados e tudo o que viu foi uma mesma decoração mal acabada, que por falta de dinheiro era obrigada a encarar. Trabalho, esse seria o primeiro item de sua lista imaginária do que queria cumprir. Envergonhava-se toda vez que ia ao banco buscar sua mesada, lhe parecia idiota a idéia de sair de casa e depender dos pais. E de fato era.
Ao tentar pensar na segunda, várias coisas lhe vieram ao mesmo tempo e tateou no criado mudo seu maço de cigarros. Há meses tentou parar de fumar, mas já havia desistido, uma vez que lhe era um vício e sabia que contra seus vícios, ela não podia. E também porque a nicotina lhe acalmava, normal. Tratou de não gastar linhas de sua lista imaginária com isso. Acendeu um cigarro. A fumaça fedorenta lhe fez lembrar suas noites de diversão e concluiu que sem seus amores de uma noite só não podia ficar, outro vício. Necessitava de uma porcentagem de vadiagem, não tinha uma explicação aparente pra isso e ao lembrar-se da infância na igreja, se julgava, mas só até o primeiro gole de uma bebida forte. Não podia contra suas vontades.
Acabando por se achar idiota, se rendeu. Não queria mais listas, nem mesmo trabalho – seu primeiro item. Refletiu sobre felicidade e por mais que quisesse mudar uma coisa aqui, outra ali, se via bem, era acomodada. Portanto decidiu que estaria disposta a errar quantas vezes fosse preciso, se como consequência tivesse a mesma vida do ano que estava por se acabar.
Cigarros, vadiagem, bebidas, falsos amores, falta do que fazer... Assim ela era feliz, assim ela queria o ano novo. E sem objeções feitas a si mesma, virou pro canto e viu um corpo lívido dormindo calmamente. Levantou-se, trocou-se e foi-se embora daquele motel de esquina.
Aquela era a vida dela, era o que ela queria, seja lá quantos anos pudessem se passar.
E toda noite, mesmo na virada, adentrava aquele bar, ali sim tinha um propósito bem definido. Cada noite com um nome diferente, naquela noite, Catrina, como o furacão.