Era uma vez uma moça, de olhos escuros que carregavam um brilho especial. Talvez fosse um choro preso pronto pra sair, talvez fosse uma magia diferente. Ela não sabia e nem imaginava que tinha um brilho assim. Pobre moça.
Sua vida não se comparava a nenhum folhetim das seis, não era engraçada como um das sete, nem cheia de conflitos ou romances como um das oito. Ou seria nove? Ainda assim não havia comparação.
Andava a todo tempo olhando pra frente, sempre muito correta. Era de se admirar que nunca abaixasse a cabeça e olhava pro chão, mas era de se lamentar nunca levantar a cabeça pra dar uma boa noite às estrelas.
Era simples. Nunca exagerada, superficial ou bagunceira. Alguns não entendiam e a julgava uma chata, sonsa. Mas esses não tinham a sensibilidade pra perceber o quanto ela era diferente. Ela até sofria com isso. Derramava uma lágrima aqui, outra ali no travesseiro. Mas nada que um novo dia não resolvesse. Ela era de um coração sem igual, jamais visto, porém infelizmente, jamais compreendido.
Era uma vez um moço, de olhos claros. Perdido no meio de uma multidão. Procurando por toda a vida um brilho diferente, que não sabia onde estava, pois havia cansado de procurar nas estrelas.
A vida dele era como uma história em quadrinhos. Vestia-se de super herói todo dia e ia salvar a sua própria vida. A mercê de uma sociedade tão comparável aos vilões dos próprios quadrinhos.
Não olhava muito pra frente, muito menos pro chão. Por isso tropeçava demais apenas por querer viver olhando pras estrelas, procurando tal brilho.
Era de um exagero totalmente apreciável. Era romântico demais e livre demais. Alguns o julgavam louco, ele se julgava quase feliz. Ele não sofria por nada, mas chorava por tudo. Era um completo bobo apaixonado pela vida, doido pra se apaixonar por outro alguém.
E então um dia, eles se encontraram. Ela, sempre certa, olhava pra frente. Enquanto ele olhava pra cima. Ela o parou antes que pudessem se trombar como cena de novela, mas ele a salvou de cair no chão como um super herói. A vida dela nunca tinha saído da rotina daquela forma, enquanto ele se encontrava e se perdia no brilho dos olhos dela. Ela quase soltou seu choro, ele quase se afogou em lágrimas.
Naquele dia o tempo parou por uns segundos. O mundo parou pra ver o amor acontecer. Era inverno, mas se sentiram em plena primavera, pois seus corações estavam em flores.
E desde então, a vida deles se misturaram, como cores em uma aquarela.
Nada mais foi como antes e isso realmente é muito clichê. Afinal, como é que a vida pode ser igual quando se tem o amor no meio? Dizem que quando se encontra o amor, se perde a razão. Mas estão enganados... Perde-se muito mais. Mas ninguém parou pra contar o quanto se ganha. Mas isso é papo pra outra história.